Janeiro Branco: Um alerta para o cuidado com a Saúde Mental de Crianças e Adolescentes

O Janeiro Branco é um movimento dedicado à conscientização sobre a saúde mental. Criado no Brasil em 2014, esse mês é usado para incentivar reflexões, debates e ações voltadas ao cuidado emocional e psicológico.
Apesar de muitas campanhas serem focadas em adultos, é fundamental incluir nossas crianças nesse diálogo, já que a saúde mental na infância tem um impacto substancial no desenvolvimento e no bem-estar ao longo da vida.
A saúde mental das crianças é muitas vezes negligenciada, seja por desconhecimento dos pais ou pela opinião equivocada de que elas não têm problemas emocionais.
No entanto, mesmo na infância, as crianças experimentam o mundo de forma intensa, e situações que parecem pequenas para um adulto, mas podem ser enormes para elas. Uma mudança de escola, conflitos com os amiguinhos ou até mesmo a pressão por boas notas podem gerar um imenso estresse e afetar gravemente seu bem-estar emocional.
Dados levantados pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) revelam que, a cada ano, cerca de mil crianças e adolescentes, entre 10 e 19 anos, cometem suicídio no Brasil. O Hospital Pequeno Príncipe, referência no atendimento à saúde infanto-juvenil, identificou um aumento significativo do volume de tentativas de suicídio nos últimos anos – de nove casos em 2019 para 56 em 2022.
Crianças e adolescentes, em seu processo de desenvolvimento e maior vulnerabilidade ao sofrimento, requerem medidas para ensiná-los a lidar com desafios. É uma responsabilidade coletiva estimular uma visão de mundo mais ampla, incentivar soluções para problemas e ensinar, desde cedo, que as dificuldades impostas pelo mundo podem ser enfrentadas e superadas de maneira mais leve quando compartilhadas.
Outro ponto de atenção é como questões culturais, de gênero ou sociais podem influenciar a saúde mental infantil. Isso porque crianças que pertencem a grupos sub-representados ou que enfrentam discriminação têm maior probabilidade de apresentar ansiedade, depressão ou crises de baixa autoestima.
Por exemplo, crianças que desde cedo sentem que não podem se encaixar nos padrões tradicionais (gênero, cor da pele, origem etc.) e passam a sofrer exclusão, tem seu bem-estar emocional afetado negativamente em vários níveis.
Sinais de que a saúde mental de crianças e adolescentes precisa de mais atenção.
É papel dos pais e responsáveis estarem atentos às mudanças de comportamento, bem como a estados intensos e persistentes que atrapalhem ou dificultem a rotina, como:
– Desinteresse, dificuldades ou prejuízos no desempenho e na aprendizagem escolar;
– Ansiedade, agitação, irritabilidade ou tristeza permanentes;
– Isolamento persistente, com afastamento de grupos sociais;
– Alterações no sono e no apetite;
– Baixa autoestima, com desinteresse e descuido com a aparência;
– Comentários frequentes negativos em relação ao futuro e autodepreciativos;
– Desinteresse por atividades de que gostava e desapego de pertences que valorizava; e
– Expressões e comentários que indiquem desejo de morrer.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 75% dos transtornos mentais têm início na infância ou adolescência e o suicídio é a terceira principal causa de morte de adolescentes com até 19 anos de idade. “Muitas vezes sinais de alerta importantes são menosprezados. É preciso um olhar atento dos pais porque o diagnóstico precoce e o tratamento são fundamentais para que essa criança possa chegar à fase adulta com equilíbrio e bem-estar emocional”, conta a psicóloga hospitalar Michelly Xavier.
Saúde Mental infantil e redes sociais: Mesmo as crianças pequenas estão cada vez mais imersas no mundo digital. Porém, desde aplicativos de vídeos curtos até jogos interativos, essas plataformas frequentemente expõem as crianças a comparações, competição e até mesmo frustrações.
Contudo, mesmo sem entender completamente, crianças em idade escolar já podem sentir a necessidade de receber “curtidas” ou reconhecimento em atividades digitais, e essa busca por aceitação virtual pode impactar sua autoestima. Ademais, o fluxo constante de informações coloridas, animadas e rápidas pode influenciar na capacidade da criança de lidar com momentos de tédio ou calma, que são essenciais para o bom desenvolvimento emocional.
Fonte: https://aluzdocandeeiro.com.br/114-saude-mental-da-adolescencia/
Como os pais responsáveis podem cuidar da saúde mental na infância e adolescência?
1. Saúde mental da família
Cuidar da própria saúde mental é o ponto de partida para ser uma boa referência às crianças e aos adolescentes. Admitir que mesmo um adulto não tem respostas e solução para tudo é uma forma de mostrar que ninguém precisa enfrentar todos os desafios sozinho. É importante dedicar um tempo para as paixões, hobbies e descanso. E, se necessário, buscar auxílio profissional de psicólogo ou psiquiatra quando perceber necessidade.
2. Diálogo aberto
Um diálogo aberto é a chave para fortalecer os vínculos familiares. Estar atento às necessidades de afeto e de presença é vital para o bem-estar das crianças e dos adolescentes. Por isso, estar disponível para ajudar, oferecer apoio e respeitar cada sentimento é essencial em uma relação. Acolha as expressões de emoções, mesmo que negativas, sem julgamentos e com tranquilidade.
3. Valorização das conquistas
É fundamental valorizar as qualidades, aprendizados e superações das crianças e dos adolescentes. Isso não só constrói a autoestima como também fortalece o apoio familiar. Mostrar que é importante reconhecer, aceitar e respeitar suas próprias qualidades e limites, assim como os dos outros, é essencial nesse processo de autoconhecimento. Além disso, é necessário valorizar sentimentos positivos da criança consigo, com os outros e com a vida.
4. Tempo de qualidade em família
Promover o lazer em família, mas também respeitar o momento em que a criança ou o adolescente quer estar sozinho, favorece relacionamentos saudáveis. Propiciar a ideia de pertencimento, de fazer parte de uma família, de uma comunidade, pode amenizar a sensação de desamparo vivenciada em diferentes fases da vida.
Aproveite esse mês para iniciar ou ampliar atitudes que promovam uma infância mais saudável, com espaço para sentimentos, mesmo que sejam complexos e desafiadores.
Afinal, cuidar da saúde mental dos pequenos desde cedo é investir em um futuro mais equilibrado e feliz.
Fontes:
https://pequenoprincipe.org.br/noticia/janeiro-branco-um-alerta-para-o-cuidado-com-a-saude-mental-de-criancas-e-adolescentes/
https://www.agirsaude.org.br/noticia/view/2024/janeiro-branco-cuidados-com-a-saude-mental-infantil
https://www.grudadoemvoce.com.br/blog/saude-mental-infantil/
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